A Indulgência

Clemência, segundo o dicionário Michaelis 2000- é a virtude que modera o rigor da justiça, perdoando ofensas e minorando os castigos; ou seja misericórdia, compaixão pela miséria alheia.
Em Julho deste ano, artigo interessante me chamou atenção, nas páginas da revista Veja: A bondade está em baixa. Psicólogos e Antropólogos identificam um novo comportamento no homem atual, as pessoas estão se desiludindo de serem boas, de serem bondosas, indulgentes uns com os outros. Observa-se na sociedade atual um total isolamento, um comportamento – de ninguém se importar com os outros, “estar se lichando pros outros” , primeiro eu , depois eu e só mais eu, uma observação que as pessoas acham que se dá melhor na vida quem tem esse comportamento. Achei deveras mente bizarra, aquela pesquisa. Será que entrevistaram as pessoas certas? Ou foi uma amostra viciada de grandes cidades? Mas não podia ser! Mesmo nas grandes cidades existem trabalhos belíssimos, exemplos de solidariedade e compaixão humana.
David Hume escreveu: “Existe alguma benevolência, ainda que pequena, incultida em nosso peito, uma centelha de amizade pela espécie humana, uma partícula de pomba branca convivendo em nossa estrutura com os elementos do lobo e da serpente.”
A clemência nos lembra as doces e inolvidáveis palavras do Mestre de Nazaré: “Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;” Segundo nosso amigo Honório, “a clemência é a compaixão pela miséria alheia. É fruto do sentimento da fraternidade, da compreensão e reflete o entendimento de que todos nos encontramos em evolução, sujeito a erros.”
A indulgência é desconhecida até que se precise dela. A humanidade tem um velho hábito de olhar o defeito dos outros e não cuida de arrumar a própria casa. Fruto do nosso orgulho, o egoísmo nos distancia de nos olharmos no espelho e ver nossos próprios defeitos, como dizia Jung – empurramos nossas sombras para debaixo do tapete, na tentativa de sermos aceitos pela sociedade, julgamos e criticamos os que se assemelham a nós,mas não olhamos para nosso próprio umbigo.Desprendemos muita energia e esforço, às vezes uma vida inteira, na tentativa de burlar o foro íntimo, adiando o encontro conosco mesmos.
Ser indulgente é angariar recursos íntimos para a dura jornada na travessia dos desertos de nossas provações. Quem não exultaria diante de um gole de água fresca no abrasador calor dos meses quentes de nossa região? Emmanuel (no livro Palavras de Emmanuel) nos assevera: Nada sintas, penses, fales ou faças sem que a compaixão te assessore. Todos somos hóspedes uns dos outros, e, se hoje aparece quem te rogue atenção e zelo, proteção e simpatia, em vistas das surpresas aflitivas da estrada, é possível que amanhã outras surpresas aflitivas da estrada esperem também por ti.”
Por tudo isto e pela vivência com os pacientes oncológicos, é que não concordamos com aquelas pesquisa dos eminente cientistas sociais, nossa lente de ver a vida é outra. A misericórdia faz parte da natureza humana, na maioria das vezes ela está apenas adormecida, quando desperta transforma o mais duro coração no angelical emissário do amor, não medindo esforços para aliviar o sofrimento do outro. É a compaixão em ação.
Dia 30/09/09 às 20 horas estaremos colaborando com a campanha do OUTUBRO ROSA, com uma breve palestra: o Prazer De Ser Solidário; no salão de eventos do Teresina Shopping, como parte das atividades deste importante evento da Fundação Maria Santos, instituição que trabalha com a Prevenção do Câncer de Mama e amparo às pacientes que passam por esta patologia.

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