No livro Os Mensageiros, capítulo 15 – A viagem, André Luiz e Vicente, sob a direção do orientador Aniceto demandam a Crosta terrestre, para serviços de aprendizado e experiência.

Será uma viagem demorada, explicara Aniceto; As regiões inferiores, entre “Nosso Lar” e os círculos da carne são tão grandes que exigem uma estrada ampla e bem cuidada, requerendo também conservação, como as importantes rotas terrestres. Por lá, obstáculos físicos; por cá, obstáculos espirituais. Como um rio de imensas proporções separando as duas regiões existe o vau que oferece transporte rápido e há passagens diversas através de fundos precipícios.”

Atravessando esta região, eles observam que o firmamento cobrira-se de nuvens espessas e alguma coisa que não podia compreender, relata André Luiz, impedia-nos a volitação com facilidade. Aniceto propõe andarem e explica o motivo para a diferença na paisagem, estavam penetrando a esfera de vibrações mais fortes da mente humana. Apesar da grande distância para a Crosta, já podiam identificar a influênciação mental da Humanidade encarnada.

Apesar da dificuldade são instados a seguir com entusiasmo por Aniceto. Naquele momento com grata surpresa eles observam que contrastando com as sombras, raios de luz desprendiam intensamente de seus corpos. Extraordinária comoção toma conta dos dois que ao mesmo tempo, emocionados, ajoelham-se, banhados em lágrimas enviando ao Eterno os mais profundos agradecimentos e votos de júbilo fervoroso. Estavam embriagados de ventura. Era a primeira vez que se vestiam de luz, luz esta que André descreve como que irradiando por todo o seu corpo.

Aniceto observando com expressão de alegria, fala comovido:

“- Muito bem, meus amigos! Agradeçamos a Deus os dons do amor, sabedoria e misericórdia. Saibamos manifestar ao Pai o nosso reconhecimento. Quem não sabe agradecer, não sabe receber, e muito menos, pedir.

A gratidão é o sentimento por excelência que expressa a humildade e o reconhecimento filial diante da generosidade do Pai. É a virtude dos que já reconhecem a obediência e a resignação; dos que já palmilharam a estrada das dores, dos que experimentaram a privação que incomoda, dos que foram humilhados mas superaram com a grande capacidade humana de ultrapassar os obstáculos e fortalecidos seguiram em frente, dos que aprenderam a receber gratuitamente de mãos generosas e abnegadas, quando nada esperavam.

No aprendizado da gratidão, duas virtudes lhe secundam a função, a obediência e a resignação. Virtudes estas muito confundidas segundo Lazaro com a negação do sentimento e da vontade ( E.S.E, IX, 8). Numa época de individualismo e estímulo ao orgulho, a submissão, a resignação e a obediência soam como afronta pessoal, como tolice e coisa de gente fraca. Mas Lázaro ainda adverte: a obediência é o consenso da razão e a resignação o consenso do coração.

A gratidão movimenta naquele que agradece o sentimento de humildade e receptividade que liberta e amplia os horizontes. O ato de agradecer desenvolve no ser um lento aprendizado de submissão às leis da vida, mesmo naquele que ainda está envolto na capa do orgulho e vaidade, chegará o dia que, acabará por sucumbir aos encantos da gratidão.

A gratidão precisa ser autêntica, pois se não o for o halo de lirial proteção próprio da angelitude se desfaz e o anjo da gratidão se afasta chorando, as lágrimas são as mensagens ao criador do sofrimento pela falta do amor. Depois de muito perambular a esmo, de assalto em assalto à credulidade alheia, um dia a criatura descobre a pesada solidão do egoísta e as sofridas experiências do ingrato e orgulhoso, quedará então na amargura de sentir-se sozinho e desamparado..

Mas, ainda não renovada a criatura ilude-se com o falso poder e a voluptuosidade do orgulho, cai, fere-se terrivelmente mas não se entrega, despenca novamente e de sofrimento em sofrimento relembra como é doce e confortador ser grato. Cai em si e clama por misericórdia, o anjo da gratidão que está sempre atento, o acolhe em seus braços generosos. Sussurra em seus ouvidos as palavras mais doces e calmantes e uma onda de profundo reconhecimento arrebata o sofredor e ele reconhece humildemente sua incapacidade de amar e doar-se e, deixa-se então calar e aceitar o jugo leve do Amor.

Recebe a dádiva do agradecimento e agora é tempo de olhar para os companheiros do caminho que transitam entre a dor e as quedas, roga ao anjo da gratidão que acolha também os seus irmãos e o circulo do aprendizado se fecha, o aprendiz aprendeu a duras penas a lição da abnegação, paciência, do serviço ao próximo.

Na cidade de Fátima, quem visita a pequenina casa dos beatos encontra uma pequena placa no jardim, ao lado de uma linda oliveira, são as advertências de Maria: “Sejam gratos a Deus por tudo. Peçam perdão pelas faltas cometidas ao coração de Jesus.”

Neste mês iluminado, mês de maio, envolto no perfume de Maria, aprendamos com a doce admoestação da Senhora de nossos corações: Sejamos gratos a Deus por toda a generosa vida que nos oferta.

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