A Medicina é uma ciência de verdades transitórias, à medida que novas pesquisas e novas evidências demonstradas nos grandes estudos retrospectivos apontam para uma terapêutica de melhor resultado com menos riscos para a população, o que se considerava como verdadeiro, muda. Assim ocorreu ao longo da história desta arte e hoje acontece mais rapidamente dado ao grande volume de publicações e estudos que diariamente são divulgados nos mais importantes periódicos médicos e, especialmente na rede.
No caso do câncer diferenciado da tireóide, várias escolas no mundo tratam de forma diferente o que confunde e traz mais controvérsias ao tema.
Estas controvérsias se devem ao fato de que, pacientes com o mesmo estadiamento da doença reagem de forma diferente à terapêutica instituída. Não há marcadores específicos que nos apontem quais os pacientes que irão evoluir mal e quais os que o tratamento inicial deveria ser mais ou menos agressivo. Há países que optam preferentemente pelos tratamentos conservadores para evitar o hipotiroidismo gerado pela ablação total da glândula; esta produz hormônios de suma importância para o bom funcionamento das unidades celulares de toda a economia orgânica.
Existem os preditores de fatores de risco, que são parâmetros que enquadram os grupos de risco: Sistemas CAEORTC, AGES, AMES, U ou C, MACIS, OSU, MSKCC, e NTCTCS. ( estuda-se: sexo , idade, tamanho do tumor, morfologia, grau de diferenciação, ploidia celular e outros). Mesmo assim os estudos ainda são controversos.
Na atual e recente revisão da American Thyroid Association (ATA) novembro/2009, algumas diretrizes são questionadas e novas condutas e orientações são delineadas; frutos da observação de ensaios clínicos, pesquisa e observação populacional, metanalises robustas e mais dúvidas.
O papel da radioiodoterapia – I131 pós tratamento cirúrgico nos casos iniciais dos carcinomas bem diferenciados da tireoide , a dose de iodo radioativo empregada, a radioterapia externa, seguimento e conduta nos casos recorrentes são analisadas .
O câncer da tireóide é uma neoplasia rara. Representa geralmente 2% de todos os tumores malignos que acometem a faixa etária de 30 a 74 anos, com maior incidência na mulher; 85% dos pacientes ( carcinoma bem diferenciado ) são de baixo risco, sendo que a cirurgia adequada é a mais importante variante que influencia o prognóstico, enquanto a radioterapia, a terapia supressiva e a radioterapia externas representam tratamento adjuvante .
A radioiodoterapia pós cirúrgica é usada para o tratamento do remanescente cirúrgico da tireóide. Tem a finalidade de destruir as células remanescentes, no esforço de diminuir o risco de recorrência da doença, a medida da tireoglobulina – marcador que se elevado indica doença em atividade, facilita a pesquisa de focos de possíveis células em atividade no corpo inteiro( no seguimento da doença).
De um modo geral em nosso meio (Teresina), em sua quase totalidade os pacientes com tumores bem diferenciado (Carcinoma Papilífero. Folicular e variantes ) são submetidos a tiroidectomia total ou quase total, seguidos de ablação radioativa trinta dias a sessenta dias após e, terapia supressiva.
Nesta nova orientação da ATA, eles argumentam que: grande número de estudos demonstram redução significativa deste risco de doença recorrencial e causa específica de mortalidade nos pacientes submetidos à essa modalidade de tratamento, porém similares estudos não mostraram benefícios na maioria dos pacientes, especialmente nos carcinomas papilíferos com baixo risco. A vantagem é para os casos de tumores maiores ( maior de 1.5 cm) e com doença residual. Acrescentam ainda que, nenhum estudo prospectivo resolveu esta questão. (http://cancer.thyroidguidelines.net/initial).
Novas orientações se seguem em algoritmos ( ver ao lado), inclusive do uso da radioterapia externa para a doença não sensível ao iodo, recorrente pos iodoterapia e/ou irressecável.
Mais uma vez os médicos reconsideram diante das evidências científicas do melhor para o paciente, nem todo mundo precisa de radioiodoterapia, evitando assim os efeitos colaterais que essa terapia extremamente eficaz para o tumor sensível, curável, que por outro lado pode provocar danos na medula óssea, aparecimento de novos cânceres em decorrência da substância radioativa, xerostomia, sialoadenite, alterações gonadais – (ver tratamento das complicações da radioiodoterapia no http://cancer.thyroidguidelines.net/initial).).

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