PERDA DE MEMÓRIA
Com a vida acelerada dos dias atuais e o tempo escasso, parece que as 24 horas são insuficientes para tudo e para todos. O trânsito cada vez mais congestionado, roubando nosso precioso tempo, nos deixa doentes de estresse. Até nas cidades de porte médio como a nossa Teresina já sentimos a premência desse fator, nas horas de pique quando todos voltam do trabalho, pegar as crianças na escola, mudança de local de trabalho de um ponto da cidade para outro, gera uma descarga de adrenalina brutal em nossa circulação e o excesso deste hormônio circulante é suficiente para alterar o repouso noturno, queimar neurônios, esgotar reservas e modificar a estratificação normal das camadas da memória, conseqüência a curto e longo prazo – perda de memória.
O processo normal de envelhecimento afeta a memória. Os lapsos de memória podem ocorrer normalmente em qualquer faixa etária, mas as pessoas hoje estão tão preocupadas com a deterioração rápida da memória que toda alteração já atribuem à doença de Alzheimer (DA). Ouvi recente de uma pessoa que no seu desconhecimento dizia: Hoje todo mundo tem Alzheimer! Por isso vejamos o que nos diz a revisão do Dr. Paulo H.F. Bertolucci do setor de Neurologia do Comportamento do Núcleo de envelhecimento Cerebral da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo sobre Perda de Memória Progressiva:
A perda de memória é um sintoma que pode acontecer em qualquer faixa etária, de preferência é observada mais acentuadamente nos idosos, embora existam idosos que mantenham uma memória privilegiada até o entardecer da vida.
È importante analisar-se os lapsos de memória para se classificar se esses lapsos são demência ou não.
Os lapsos podem ocorrer em situações de estresse, sobrecarga de trabalho, sobrecarga de estresse emocional. A soma destas situações podem levar ao máximo de esgotamento e provocar a Síndrome de Burnout. È fundamental avaliar a freqüência com que ocorrem os lapsos. Estes interferem no dia a dia da pessoa?
As perdas de memória do envelhecimento são graduais o que permite uma adaptação sustentável de modo que a pessoa vai se munindo de auxílio, tipo agenda, postit de alerta, lembretes que auxiliam e não estressam, afinal o cérebro é máquina de esquecer. Imagine se você se lembrasse de tudo do seu dia a vida, levaria a um congestionamento da rede neuronal, desnecessário! Ele faz isso mesmo, seleciona dia a dia que é útil e imprescindível, principalmente o que está fortemente ligado às emoções e descarta o resto.
Outros fatores interferem na deteriorização da memória, o que mostra que o problema é multifatorial: Depressão, história de abuso de álcool, medicações psicoativas, fatores de risco para doença cerebrovascular, ( hipertensão, diabetes).
A Demência é uma progressiva alteração da memória e de outras funções cognitivas, acompanhadas por alteração do comportamento, com intensidade suficiente para causar impacto no dia a dia da pessoa. Segundo o professor Bertolucci esta é uma descrição suficiente para a maioria dos casos de demência, mas não para todos.
A demência é encontrada doença de Alzheimer, na doença de Parkinson, na demência vascular e na demência com corpos de Lewy.
Sempre na pesquisa da demência deve-se investigar o uso de ansiolíticos , antipsicóticos, antidepressivos tricíclicos e hipnóticos de longa duração. Pessoas que tem hábito de só dormir com remédios, principalmente se esse hábito já vem de longo tempo invariavelmente perdem a memória, essas drogas interferem no ciclo normal do sono, podem suprimir o sono REM ou nREM importantes mecanismos de armazenamento de memória.
A doença de Alzheimer, a mais comum, é responsável por 50 a70% dos casos; de evolução longa, em média de 8 a 12 anos inicia com queixas perda de memória recente, função executiva e linguagem, levando a abandono de passatempos – leitura e jogo de cartas, dificuldade do controle das finanças e planejamento de atividades não rotineira como viagens e atividades futuras o que a pessoa ao afastamento social e isolamento.
Como prevenir? Todos querem envelhecer de forma saudável, com se diz por aí: Longe do Alemão. Principalmente porque na sua grande maioria se pode prevenir com um estilo de vida saudável e intelectualmente ativo.
Os melhores estudos em idosos foram observados nas populações Italianas ( Cáucaso), Japonesas ( Okinawa), em Loma Linda (USA), que sugerem como a memória pode ser preservada:
Ter atividade física regular – exercícios ou trabalho no campo.
Sentir prazer no que faz – motivação e alegria, cuidar com prazer de si mesmo.
Manter grupo de amizade – conversar, reuniões, sorrir.
Participar ativamente do grupo ao qual pertencem.
Ter uma dieta composta principalmente de vegetais e grãos.
Consumo de pequena quantidade de vinho tinto (Sul da Itália).
O vinho tinto contem reverastrol , que ativa a enzima nepresilina, que inibe a deposição de beta amilóide no cérebro, responsável pela deteriorizaçaõ na doença de Alzheimer. Esta substância, reverastrol, diminui as chances ou retarda a doença.
A atividade intelectual pelo aumento da reserva cognitiva faz com que a manifestação da DA seja tardia .
Importante prevenir e tratar o diabetes, a hipertensão e a dislipidemia ( colesterol elevado).
Em se observando os sintomas ou em caso de dúvidas se é demência ou não o neurologista deve ser consultado.
A atuação das drogas é variável, melhor é prevenir. Muitas vezes a pessoa passa longos anos sem tratamento e os estágios avançados da doença mesmo com o tratamento serão invariavelmente atingidos.
Fonte: Perda Progressiva de Memória – Paulo H.F. Bertolucci.
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