Alguns anos atrás, certo dia, em uma segunda feira, no ambulatório do Hospital Getúlio Vargas – onde funciona o nosso hospital escola da UFPI, estava eu explanando para os sextanistas a relação das doenças sexualmente transmissíveis e as linfoadenomegalias do pescoço ( gânglios infartados, crescidos – ínguas, que aparecem no pescoço quando de uma doença infecciosa e/ou neoplásica na região ou sistêmica) e a necessidade de precauções, uso do preservativo para todos ( parceiros fixos ou temporários)e outras medidas preventivas contra as DSTs ( Doenças sexualmente transmitidas), a recrudescência da sífilis e o avanço da AIDS, quando um aluno fez o seguinte comentário: “ Mais professora logo na nossa vez vai acontecer isto? Todos sorriram.
As doenças sexualmente transmissíveis segundo Walter Belda Jr, autor do livro colaborativo que leva este título, estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Suas consequências são a infertilidade feminina e masculina, a transmissão da mãe para o filho, determinando perdas gestacionais ou doenças congênitas, e o aumento do risco para a infecção pelo HIV.
Dados da OMS apontam que em 1999 houve um total de 340 milhões de casos novos por ano de DSTs curáveis em todo o mundo, na faixa de 15 a 49 anos , sendo que 10 a 12 milhões destes casos ocorreram no Brasil.
As DSTs virais curáveis também atingem milhões de pessoas, são elas: Herpes genital, infecção pelo papilomavírus humano ( HPV), hepatite B e a infecção pelo HIV.
Fatores como início precoce do relacionamento sexual, maior aceitação consentida de variação de parceiros, pouco ou nenhum esclarecimento sobre os riscos inerentes aos relacionamentos sexuais descompromissados são apontados como importantes influenciadores no crescimento do acometimento das DSTs bem como a recrudescência da sífilis que tem acontecido nas últimas décadas.
Segundo os estudiosos Perreira e Serruya, Belda Jr( segundo este último autor), classificam-se as DSTs em:
1) Doenças sexualmente transmitidas por contágio sexual:
Sífilis, gonorreia, cancro mole, linfogranuloma venéreo.
2) Doenças frequentemente transmitidas por contágio sexual:
Donovanose, uretrite não gonocócica, herpes simples genital, HPV, candidíase, fitiríase, hepatite B.
3) Doenças eventualmente transmitidas por contágio sexual:
Molusco contagioso, pediculose, escabiose, shiguelose, amebíase, hepatite C.
Vejamos as mais importantes:
Na sífilis adquirida( agente:Treponema pallidum) por meio de contato sexual ( outros: exposição parenteral a sangue e hemoderivados ou instrumentos contaminados e por disseminação hematogênica transplacentária)a lesão inicial leva em média três a quatro semanas para manifestar-se.
O cancro mole (agente: Haemophilus ducreyi) há necessidade para o contágio de solução de continuidade na pele para a penetração do cocobacilo. O período de incubação é curto de quatro a sete dias, raramente aparece mais de dez dias.
O Linfogranuloma venéreo (agente: Chlamydia trachomatis), período de incubação três a trinta dias. A infecção pode se assintomática ( mais no sexo masculino) ou sintomática ( mais no sexo feminino) e nestas as complicações tardias são mais frequentes.
Gonococcia ou gonorreia ( agente : Neisseria gonorrhoeae) período de incubação de 2 a 4 dias. Na mulher os gonococos ficam albergados nas criptas glandulares do endocervice (colo do útero). Na maioria das vezes a doença é assintomática e mesmo o muco (secreção) de aspecto claro, cristalino essas mulheres portadoras poderão contaminar seus parceiros e disseminar a doença. Ainda na mulher a cervicite aguda (inflamação aguda do colo) que é a manifestação mais frequente apresenta um corrimento abundante mucopurulento e geralmente está associada a polaciúria, disúria e dispareunia.
Apesar dos novos métodos diagnósticos e tratamento existentes atualmente, as DSTs continuam sendo um grave problema de saúde coletiva, com grande impacto socioeconômico e psicológico. ( Grecco, Alencar & Pinto em Doenças Sexualmente transmissíveis, Belda Jr.)
Fontes: Belda Jr, Walter- Doenças sexualmente transmissíveis. 2. Ed. São Paulo : Editora Atheneu, 2009.
Halbe,Hans Wolfang – Tratado de Ginecologia – vol. I, 3ª. Ed. São Paulo: Roca, 2000