Alguns livros prendem a atenção de tal forma que literalmente devoramos suas letras como quem saboreia um delicioso manjar. Seja de poesias, romances, de cunho científico ou qualquer outro suas preferências literárias, o fato é que encontra na sua sede de conhecimentos o veio certo e você desbrava com o gosto de descobrir o novo e o desconhecido.
Nas minhas andanças sempre trago comigo um novo livro, e este em especial ficou alguns meses na estante a espera do momento propício. No nosso estudo de sábado sobre educação mediúnica reuni algumas obras para subsídios e este pequeno livro, verdadeira pérola somou o acervo: Pelos caminhos da mediunidade serena – Yvonne Amaral Pereira; lendo suas páginas, grifando os pontos relevantes, foi com agradável surpresa que a cada ponto me surpreendia com seus ensinamentos e conselhos, desejei compartilhar com meu grupo de estudos. Mas para minha tristeza descobri, nas últimas páginas, que apenas três mil cópias haviam sido feitas, ligo para a distribuidora, esgotado; certamente existem exemplares distribuídos mas, não o suficiente para os clubes de livros, decidi então compartilhar com vocês alguns destes preciosos ensinamentos. Porém como este texto não será lido apenas pelos que conhecem a Doutrina Espírita vale a pena esclarecer três conceitos que trataremos adiante.
Primeiro o que é médium.
Segundo Kardec em O livro dos médiuns, toda pessoa que sinta em qualquer grau, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo médium; enquanto que mediunidade é a faculdade que é inerente ao homem, não é privilégio exclusivo e poucos são aqueles em que ela não se encontra em estado rudimentar.
Terceiro a obsessão, ainda nesta mesma obra, O Livro dos Médiuns é o domínio que alguns espíritos sabem impor a certas pessoas. Ela é sempre exercida por Espíritos inferiores que procuram dominar; os bons Espíritos não exercem nenhum constrangimento; eles aconselham, combatem a influência dos maus e, se não são ouvidos, retiram-se ( para saber mais ler capítulo XXIII – Livro dos Médiuns).
Mas, vejamos alguns pontos altos que grifamos dos ensinamentos de Yvonne:
O entrevistador de Yvonne pergunta sobre seu dom e a psicografia, ao que ela responde: “Nunca procurei desenvolver a mediunidade ou a provoquei”. “Apresentou-se-me ela, naturalmente desde a infância. Apenas procurei imprimir-lhe o rumo conveniente, educando-me na moral evangélica e nas disciplinas recomendadas pela doutrina espírita.” Em texto posterior( entrevista com Irmão X, página 152, mensagem recebida pelo médium Gilberto Campista) sobre as Escolas de Médiuns, esclarece com o zelo doutrinário que lhe era característico: “ Assunto muito sério, meu irmão, envolvendo o equilíbrio e o bem estar psíquico de um notório contingente de almas”, e arremata na página seguinte, “ O fundamental é o suporte da caridade, o esteio da renúncia a si mesmo, que precisam o verdadeiro grau de evangelização do ser humano, determinando-lhe, num quadro mais amplo, a sintonia mediúnica.” Lendo hoje estas páginas de profunda dedicação à causa meditamos, parece muito difícil nos dias de hoje, mas são os sábios conselhos de Yvonne, notável médium, que no anonimato de uma vida extremamente simples e palmilhada de dificuldades escreveu obras belíssimas, artigos, cartas de consolação a tantos sofredores. Lidadora do evangelho esclareceu a muitos e muitos; Realizou curas e amparou os suicidas e desvalidos do caminho.
Continuando fala acerca da influência do médium nas comunicações, especialmente na mediunidade de psicografia:
“ O melhor meio de a palavra dos espíritos chegar pura e de boa qualidade é procurar o médium moralizar-se, elevar-se espiritualmente, fazer-se humilde, reconhecer as próprias fraquezas e jamais se considerar excelente ou indispensável, além do dever de exercer o bem em toda parte. Eis como o médium poderá influenciar nas mensagens que recebe.”
A faculdade da mediunidade para muitos seria telepatia ( paranormalidade),o sensitivo captaria de outras mentes fatos e conhecimentos que a própria pessoa não os teria (comunicação entre vivos) ou simples excitação de mentes desequilibradas, ( mas vejam estas explicações na primeira parte do livro dos médiuns, quando Kardec discorre sobre as possíveis justificativas e explicações dos céticos).
A literatura está repleta de grandes médiuns que escreviam com as duas mãos textos totalmente diferentes enquanto conversavam com outras pessoas. Yvonne cita os médiuns Fernando de Lacerda ( Português) que enquanto despachava com a mão direita papéis da repartição, psicografava com a mão esquerda páginas de Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Camilo, etc. e Carlos Mirabelli, de São Paulo, que psicografava com as duas mãos ao mesmo tempo que conversando discorria teses científicas ou filosóficas, em línguas diferentes uma das outras. Naturalmente que casos como estes são raros, mas para o homem de ciência , o pesquisador ou o curioso sério o assunto em destaque merece estudo e pesquisa e não críticas sem fundamentos.
O estudo sério, disciplinado e perseverante de um assunto é que desvenda o oculto, o maravilhoso e extraordinário, colocando no âmbito do natural e da ordem.
Isto vem ao encontro da opinião de Yvonne sobre a necessidade do conhecimento doutrinário no movimento Espírita, no que ela diz: “ O que lamento muito é o pouco estudo de obras básicas,( Kardec, Léon Denis, Gabriel Delane, Ernesto Bozzano, enfim as obras dos mestres que formaram a doutrina, auxiliados pelos espíritos celestes) o que nos faz ver e ouvir erros doutrinários clamorosos, graves. Os espíritas não podem circunscrever-se tão somente a mensagens e a romances, se bem que nossos romances sejam extremamente educativos, moralizantes. Isso gera em nosso meio, enorme dose de ilusão em matéria de mediunidade, em matéria de sessões; não podemos fugir ao estudo de matérias que exijam trabalho mental, porque nos viciamos com simples pitadas de doutrina, quando precisamos de doses maciças.”
Sobre o terceiro item – obsessão, vejamos seus comentários: “a obsessão na atualidade é produto do comportamento moral preexistente e da vida tumultuada que a humanidade, em geral, vem levando”.
Interrogada sobre o papel da Psiquiatria no tratamento da Obsessão diz: Apesar da psiquiatria, que nos merece o maior e mais absoluto respeito, poder auxiliar no tratamento e na eventual cura de uma obsessão, acreditamos no entanto que, só mesmo a terapia espírita poderá solucioná-la, e ainda assim, se a ficha cármica de seu portador contiver dispositivos que prevejam o desfecho favorável, se o resgate estiver pago, se as promissórias foram resgatadas”. Acrescenta ainda que o trabalho de desobsessão é delicado necessitando de médiuns especiais preparados, evangelizados (-ver critério acima do bom médium) bem como doutrinador experiente e preparado.
Qual a terapia da Obsessão então? “A terapia principal é a do passe, água fluidificada, e as sessões especiais.”
Aos que se interessam sobre o porquê da Medicina não estudar o tema Obsessão, há excelente texto que orienta os interessados sobre as posturas de oposição e negligência no que se refere a religiosidade e espiritualidade, veja no site da amebrasil.org.br, o texto: Medicina Não Reconhece Obsessão.
O livro ainda apresenta entrevistas sobre outros temas que poderemos abordar posteriormente, por enquanto recomendamos ler o texto acima no site da amebrasil, a segunda parte do Livro dos Médiuns e o livro de Léon Denis- No Invisível e A evolução anímica de Gabriel Delanne.
Fonte: Pelos caminhos da mediunidade serena. Yvonne A. Pereira.
Entrevistas e textos.
Editora 3 de outubro.