Viagens, são partes integrantes de aquisição de valores culturais, emocionais e amadurecimento individual. Desde o primeiro momento da jornada até a concretização e usufruto do intento, uma viagem requer uma elaborada programação que importa desde o estudo dos locais, história, idioma, costumes etc; o que certamente contribuirão para tornar a experiência inesquecível e valiosa.
Para quem ama estas jornadas, viajar, conhecer locais nunca antes visitados, ou mesmo revê-los; conhecer pessoas, como vivem! Suas culturas, hábitos, estilo de viver, são ganhos inestimáveis. Um “ativo” de vida.
Nossa última viagem à França, em outubro próximo passado, vivemos experiências fantásticas e valiosos ensinamentos que desdobraram-se em estudos posteriores motivados pela curiosidade e desejo de conhecer mais sobre a história daquele país, essas experiências partilharei com você caro leitor, a seguir.
Certamente vocês já devem saber que Joanna D’arc é a heroína e protetora da França. Foi canonizada em 1920 pela Igreja Católica.
Hoje, diante de tanto sofrimento pelo povo francês, vitimados também pela pandemia, onde a cada dia vemos aumentar a estatística tantas perdas de vidas preciosas, imagino que o espírito iluminado de Joana D’arc, deve estar se desdobrando em socorrer e levantar o ânimo dos nossos irmãos franceses.
Na rota traçada por nosso pequeno grupo, escolhemos a cidade de Rouen- capital da região da Normandia, com centro medieval, histórico riquíssimo, palco de muitas lutas passadas e o martírio da heroína.
Vou descrever para vocês as experiências emocionais e espirituais que vivenciei nesta cidade:
Entro na Capela do Mercado Velho…( 13/10/2019)
Já havíamos passado por este local histórico na noite anterior, primeiro dia de estadia em Rouen, mas confesso que não havia percebido que aquele prédio de formas arrojadas, em formato de ondas, era uma igreja no centro da Place du Vieux- Marché. Este, de arquitetura diferente encoberto pelas sombras da noite mais parecia o mercado central da cidade e, especialmente por ser domingo e naquele horário quase deserto. Observando aquele sitio imaginei que, se ele encontra-se fechado, naquele horário, devia abrigar o mercado tradicional e outras dependências históricas, quem sabe!
Mas qual surpresa, no dia seguinte, ali era mesmo a igreja de Sainte Jeanne D’Arc e o exato local do seu martírio na fogueira ardente. A entrada da igreja situa-se a direita, a poucos passos da Rue Du Gros Horloge. Uma pesada e grande porta de madeira, rústica e singela dá acesso ao interior da nave, naquele horário estava quase vazia, eram quase 10 da manhã da segunda-feira 14 de outubro de 2019.
O dia havia amanhecido escuro, com um sol encoberto, que demorava a iluminar a cidade e nos convidar a explorar e conhecer os arredores, o centro histórico da cidade.
Rememorando as lembranças daquele dia, lembro-me que dentro da igreja, haviam poucas pessoas, no máximo dez. Observei que o ambiente era desprovido de adornos; um amplo e austero espaço. Percebi duas estátuas, embaixo, à direita estava uma delas, um belo trabalho representando a santa com elaborado e artístico suporte para pequenas velas; os magníficos vitrais deixavam os raios da luz passar, e emprestavam uma respeitosa beleza transcendente.
À esquerda de quem entrava, observei três pessoas olhando a outra estátua, na verdade era um busto. Aproximo-me e, ao olhar aquela obra de arte com a representação de uma donzela e sua armadura, sou tomada uma profunda emoção.
Uma sensação incontrolável vinda dos redutos mais profundos de minh’ alma – como uma torrente de lágrimas que anseia em se expressar, mas é contida – tomou-me de surpresa. Quase às lágrimas, contive o choro que já estava descendo pela minha garganta e entendi que estava diante do busto de Joana d’Arc- guerreira, a heroína da França, tal como em vida, trajando uma armadura para as batalhas. Alguns locais nos tocam mais profundamente que outros. Diante da grande cruz, símbolo do exato local do martírio de Joana d’Arc, e da estátua ao lado da igreja, que expressa na pedra fria as expressões faciais e corporais de sua hora derradeira, esculpida de forma tão extraordinária retratando sua entrega total a Deus e suas vozes, nada senti, nenhuma emoção, nenhuma sensação psíquica me chamou atenção mas, ao me deparar com o busto de Joana representando o vigor e a coragem com que libertou a França, é como se o espírito indomável e forte deste povo ali se expressasse e nos estimulasse a nunca desistir e confiar nas vozes do mais alto.
Como se explica esses arroubos incontroláveis e espontâneos de emoções?
São naturais, quando estamos diante de pessoas que amamos muito a qual não vemos há algum tempo, mas também quando estamos na presença de algum ser espiritual de alta hierarquia. Já havia experienciado esse sentimento sublime e arrebatador, e guardei na lembrança essa sensação. Nossos supra-sentidos são acionados diante da sublimidade, sentimos respeito, emoção e devoção; como um rio caudaloso que vem dos sentidos perispirituais, ele vem ganhando vigor e imprime no nosso corpo físico os estímulos que acionam respostas fisiológicas e emocionais. É especial, puro deleite espiritual, e uma vez sentido nunca se esquece. Não requer privilégios, pois Deus presenteia aos seus exilados nos mundos inferiores, uma réstia das belezas espirituais.
Os sensitivos, que somos todos nós, ao permitirem a abertura dos canais que dão acesso a dimensões sutis; experimentam sensações e vivências que escapam às explicações tangíveis, medidas e pesadas. São sentidos variados, às vezes nunca antes experimentados, que vão nos abrilhantar e colorir de uma forma tão extraordinária que é como se uma janela se abrisse e um mundo superlativo se nos revelasse.
Surpresos e maravilhados, damo-nos conta de que os sentidos usuais da matéria são escassos e incapazes de explicar a gama de intuições, aprendizados, insights que afloram ao se abrir um portal entre o presente e o passado.
Este texto é parte de um artigo que fizemos, especial para a Folha Espírita, publicado em Dezembro de 2019 página 8.
Consulte: https://pt.calameo.com/read/0001436974ba5f2c77bf6)

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